May 28, 2006

















procuro na janela dos teus olhos um jardim gasto
percorrido pela cólera
onde o horizonte seja decalcado do teu nariz e o caule das borboletas a ponte para ti...

na evasão étera do horizonte de pólen
perduram os olhos nas petalas que fecham com a ausência de luz, no declínio do ocaso da tua boca

hoje que respiramos da mesma boca, partilhando as mesmas asas, purgamos a língua
amamentando as aves
delineando o rasto de vento
lambendo as raízes dos passos das flores voadoras

(já não gosto de ti...
amo-te...)

5 comments:

Cinza said...

Bem hajam os que buscam o amor. Posts muito belos estes, passei, vi o blog e acho que essa menina deve ser uma sortuda!!

Riça said...

Queres fazer rimar amor com natureza!!! Lê Eugénio de Andrade que ele ensina-te

Riça said...
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Riça said...

Nuno, eu não estava a recomendar-te rimas silábicas. Quando escrevi “rimar amor com natureza” referia-me ao universo das ideias e das imagens escritas, isto é, ter o dom de conseguir que essas substâncias, amor e natureza, se cruzem ,se sobreponham, se confundam, se encontrem poeticamente, através da beleza da ideia, da palavra ou da expressão. Uma vez que a tua ferramenta são as palavras, pensei que ao exprimir-me com aquela liberdade, seria correctamente interpretada.
Neste contexto, e como sabes, Eugénio de Andrade é excelente. No caso deste teu poema é bem patente esse jogo entre a pessoa que ama, a pessoa amada e diversos elementos da natureza, que por comparação, afinidade ou distanciamento, pretendes que interajam poeticamente. Foi aqui, meu poeta, que a coisa não funcionou. Espero que aceites as críticas com a mesma satisfação com que te revês nos elogios, pois não me parece que faças deste blogue um altar de adoração.
Já agora, especialmente no campo da arte, independentemente do género, nunca menosprezes os seus ensinamentos. Parece-me elementar. Em última análise, evitam a influência e a involuntariedade do plágio, que não se aplica a ti, bem entendido.
Para acabar, só porque gosto de poetas, especialmente se forem de canas: Descobri este blogue hoje. Se não te opuseres, vou continuar a ler-te e a deixar a minha opinião, mesmo que desfavorável. Espero não te melindrar com o facto.
Bons repenicos

Avó do Miau said...

Muito bonito Nuno!
Beijinhos